1. Um momento de raiva pode destruir
Todas as ações saudáveis.
Como venerar os Buddhas, a generosidade,
O que foi acumulado por mais de mil aeons:
Tudo pode ser destruído por um momento de raiva.
2. Não existe pior mal do que a raiva,
E nenhuma fortaleza como a paciência.
Assim eu deveria me esforçar de vários modos
Em meditar na paciência.
3. Minha mente não estará em paz
Se nutre dolorosos pensamentos de raiva.
Não acharei nenhuma alegria ou felicidade;
Incapaz dormir, me sentirei inseguro.
4. Um mestre que tem ódio
Está em perigo de ser morto.
Até mesmo por aqueles que dependem dele, da bondade dele.
Por quem a riqueza e felicidade
Dependa da bondade dele.
5. Por minha raiva, amigos e parentes ficam deprimidos;
E apesar da minha generosidade não confiarão em mim;
Em resumo: não há ninguém
Que viva feliz com raiva.
6. Dessa forma este inimigo, a raiva,
Cria sofrimentos,
Mas quem diariamente supera isto
Encontra felicidade de agora em diante.
7. Tendo achado seu combustível na infelicidade mental
Por não conseguir aquilo que eu desejo
E por fazer aquilo que não quero,
A raiva aumenta e me destrói.
8. Então eu totalmente deveria erradicar esse combustível inimigo;
Pois este inimigo não tem nenhuma outra função
Que o de me causar dano.
9. Tudo que me acontecer
Não deve perturbar minha alegria mental;
Pois ficando infeliz não realizarei o que desejo
E minhas virtudes diminuirão.
l0. Não adianta ficar infeliz se algo não tem cura.
Não precisa ficar infeliz se algo tem cura.
11. Para mim e meus amigos
Não quero sofrimento nem desrespeito,
Nenhuma palavra severa, nada que seja desagradável;
Mas para meus inimigos é o oposto!
12. As causas da felicidade só às vezes acontecem.
Mas as causas da infelicidade são muito mais numerosas.
Sem sofrimento não há renúncia.
Portanto, minha mente, fique firme.
13. Se alguns ascetas e os habitantes de Karnapa
Infligem-se inutilmente a dor de cortes e queimaduras,
Então pela causa da Liberação
Por que não terei eu nenhuma coragem?
14. Não há nada que não possa ser feito mais facilmente pelo conhecimento.
Assim familiarizando-me com os pequenos danos
Vou aprender a aceitar os maiores danos, pacientemente.
15. Quem não viu isto ser assim com sofrimentos insignificantes
Como as picadas de cobras e insetos,
Sentimentos de fome e sede,
E com tais coisas secundárias como erupções cutâneas?
16. Eu não deveria ficar irritado impaciente
Com calor e frio, vento e chuva,
Doença, escravidão e pancadas;
Porque se sou impaciente o problema aumentará.
17. Alguns quando vêem o próprio sangue
Ficam especialmente valentes e firmes,
Mas outros quando vêem o sangue dos outros
ficam nervosos e desmaiam.
18. Estas reações vem da mente
Forte ou tímida.
Pois eu deveria desconsiderar os danos causados a mim
E não ser afetado pelo sofrimento.
19. Até mesmo quando está sofrendo
A mente do sábio permanece muito lúcida e serena
Já que ele está empreendendo a guerra
Contra as concepções perturbadoras.
E muito sofrimento aparece na hora de batalha.
20. Guerreiros vitoriosos são aqueles
Que, desconsiderando todo o sofrimento,
Derrotam o inimigo da raiva e assim sucessivamente;
(Os guerreiros comuns) matam só corpos do exército.
21. Além disso, o sofrimento tem qualidades boas:
Desanimada pelo sofrimento, é dispersada a arrogância;
A compaixão pelos seres viventes surge;
O mal é evitado; é achada a alegria na virtude.
22. Não fico zangado com a bílis que
Grande fonte de sofrimento sempre é.
Então por que ficar zangado com os seres sencientes
Que também são irritados pelas condições.
23. Embora eles não desejem,
Esta doença surge;
E igualmente embora eles não desejem,
Estas concepções perturbadoras violentamente irrompem.
24. As pessoas não se irritam por que querem,
Pensando: "Devo irritar-me".
Ninguém se aborrece porque quer,
Pensando: "Quero aborrecer-me agora".
Não é assim que nasce o ódio.
25. Os problemas e os enganos das emoções perturbadoras
De várias maneiras aparecem;
Surgem por força das condições
As pessoas a si mesmas não se governam.
26. Essas condições que aparecem
Não têm nenhuma intenção de produzir qualquer coisa,
Nem seu produto
Tem a intenção a ser produzido.
27. Que o que é afirmado ser a Substância Primordial
E o que é imputado como um Ego,
(Como são desprovidos de substância própria) não surgem intencionalmente,
Pensando: "Eu surgirei (para causar dano).”
28. Se algo é insubstancial e desprovido de ego,
Então qualquer desejo que tenha de produzir dano também não existirá.
Pois se este Ego apreendesse seus objetos permanentemente,
Nunca deixaria de fazer assim. [Um fato não tem "culpa" de nos prejudicar].
29. Além disso, se o Ego fosse permanente
Seria claramente destituído de ação, como o espaço.
Então até mesmo se encontrasse outras condições
Como poderia sua imutável (natureza) ser afetada?
30. Para que serve uma ação para o Ego que,
Durante a ação, permanece o mesmo?
Se o relacionamento é o mesmo da ação,
então qual dos dois é a causa do outro?
31. Conseqüentemente tudo é governado
através de outros fatores (os quais em troca)
são governados por (outros),
E desse modo nada governa nada.
Tendo entendido isto,
Eu não deveria aborrecer-me
Com fenômenos que são como aparições.
32. —(Se tudo é irreal como uma aparição) então quem é que pode
Ter isso chamado de raiva?
Ora, seguramente (neste caso) temos de considerar que convencionalmente o que há é
A origem interdependente de fatores em que um está na dependência de desenvolver a raiva E que o fluxo desse sofrimento pode ser cortado.
33. Assim ao ver um inimigo ou até mesmo um amigo
Cometendo uma ação imprópria,
Devo pensar que tais coisas surgem de condições antecedentes e
Permanecer com humor feliz.
34. Se todos os seres pudessem encontrar a realização de seus desejos,
Então não haveria sofrimento, e ninguém que desejasse sofrer.
35. Por falta de cuidado
As pessoas se ferem com espinhos e outras coisas,
E por causa de mulheres e outros cobiças
Os homens se odeiam e até passam fome.
36. E há alguns que se prejudicam
Por suas ações demeritórias:
Se enforcam eles, saltam de precipícios,
Comem veneno e comida insalubre.
37. Se, sob a influência de concepções perturbadoras,
As pessoas destroem até suas preciosas vidas,
Como não esperar que não causem dano
Aos corpos dos outros seres vivos?
38. Até mesmo se eu não posso desenvolver compaixão por tais pessoas
Que pelo nascimento das emoções aflitivas
Tenham a intenção matar-me ou se matarem,
A última coisa que deveria fazer é ter raiva deles.
39. Até mesmo se fosse da natureza das crianças
Causar dano a outros seres,
Ainda assim seria correto ficar zangado com elas?
Seria igual a ter raiva do fogo por ter isto a capacidade de queimar.
40. Se esse defeito é temporário
Se os seres são por natureza bondosos,
Ainda seria incorreto ficar zangado,
Igual a ter raiva do espaço por permitir a fumaça surgir.
41. Se eu me zango com a vara
E não com quem me açoita movido pelo ódio,
Então é melhor odiar o ódio
Porque quem me açoita está dominado pelo ódio.
42. Previamente eu devo ter causado dano semelhante
Para os outros seres sensíveis.
Então está certo que este dano me seja devolvido
Para mim que fui a causa de dano a outros.
43. A arma e o meu corpo
Ambos são causa de meu sofrimento.
Ele obteve a arma; eu o corpo.
Com quem devo me zangar?
44. Cego pelo apego consegui
Este abscesso de sofrimento em forma humana,
Que não pode agüentar nem ser tocado,
Com quem devo me zangar quando ferido?
45. Como uma criança não quero a dor mas desejo
Aquilo que causa a dor.
Quando o sofrimento aparece
Devido ao meu próprio desejo
Por que deveria ter raiva
De outra pessoa?
46. Como os guardiões dos mundos do inferno
E como a floresta de folhas de navalhas-afiadas
Foram produzidos por minhas ações:
Então com quem eu deveria ficar zangado?
47. Tendo sido instigado por minhas próprias ações,
Esses que me causam dano passam a existir.
Se por essas ações eles devem entrar no inferno
Seguramente não sou eu quem os está destruindo?
48. Por causa deles eu purifico muitos males
Aceitando os danos que me causam pacientemente.
Mas por minha causa eles vão mergulhar
Na dor infernal durante um tempo muito longo.
49. Então se que eu estou causando dano a eles
E eles estão me beneficiando,
Por que, mente incontrolável, ficar com raiva
De tal maneira enganada?
50. Se minha mente tem a nobre qualidade (da paciência)
Não irei para inferno,
Se eu me protejo
Que acontecerá com eles?
51. Não obstante, se eu revidar o dano
Ou não os proteger,
Fazendo assim minha conduta se deteriorará
E conseqüentemente esta fortaleza será destruída.
52. Como a mente não é física
Não pode ser prejudicada por ninguém.
Mas por ser apegada ao corpo
É atormentada pelo sofrimento.
53. Mas se a falta de respeito, as agressões verbais,
as críticas injustas,
Não causam dano a meu corpo,
Por que, mente, você fica com tanta raiva?
54. —Porque os outros me repugnarão—
Mas desde que não me devorarão
Nesta ou em outra vida
Por que ficar com tanta raiva?
55. Porque impedirão meu ganho mundano?
De qualquer forma eu os perderei com a morte.
Mas se terei que deixar para trás meus ganhos mundanos
Minhas faltas me acompanharão certamente.
56. Assim é melhor que eu morra hoje
Do que viva uma vida longa porém má;
Mesmo as pessoas que vivem muito tempo
Experimentam o sofrimento da morte.
57. Suponha alguém despertando de um sonho
No qual experimentou cem anos de felicidade,
E suponha outro, despertando de um sonho,
No qual experimentou um pouco um momento de felicidade;
58. Para ambas essas pessoas que acordaram
A felicidade nunca volverá, aquela.
Semelhantemente, se minha vida foi longa ou curta,
Na hora de morte estará terminando assim. .
59. Embora eu possa viver alegremente por muito tempo
E obter muita riqueza material,
Eu estarei de mãos vazias e destituído adiante na morte
Igual a ter sido roubado por um ladrão.
60. —Certamente riquezas materiais me permitirão viver (melhor),
E então eu poderei purificar o mal, e fazer o bem—.
Mas se eu tenho raiva por causa disso
Não será consumido meu mérito e aumentado o mau?
61. E de que uso será esta vida
De um que só comete o mal,
Se por causa do ganho material
Ele degenera os méritos desta vida?
62. —Certamente eu deveria estar zangado com esses
Que dizem coisas desagradáveis a meu respeito o que perturba outros seres.
Mas da mesma maneira por que não fico zangado
Com pessoas que dizem coisas desagradáveis sobre outros?
63. Se posso aceitar esta maledicência, pacientemente,
Porque é relacionado a outra pessoa,
Então por que não tolero paciente as palavras desagradáveis sobre mim,
Desde que são devidas ao nascer de concepções aflitivas?
64. Se outros falam mal ou até mesmo destroem
Imagens santas, relicários e o Dharma sagrado,
É impróprio eu me ressentir com isto,
Porque os Buddhas nunca podem ser prejudicados.
65. Eu deveria evitar a raiva que surge contra esses
Que prejudicam meus mestres espirituais, parentes e amigos.
Ao contrário eu deveria ver, como mostrado antes,
Que aquelas coisas surgem de condições.
66. As pessoas viventes são feridas
Por seres viventes e objetos inanimados,
Por que se irritar somente contra os seres viventes?
Por isso eu deveria aceitar todo o dano pacientemente.
67. Devido à ignorância uns prejudicam os outros,
E os prejudicados, devido à ignorância, têm raiva dos agressores.
Entre eles, quem pode ser chamado de culpado?
E quem, inocente?
68. O que fiz eu previamente
Para que os outros agora me causem dano?
Desde que tudo está relacionado com minhas ações,
Por que eu deveria chamar os agressores de inimigos?
69. Compreendendo isso assim,
Eu deveria me esforçar para o que é meritório
Para que certamente nasça
Mútuos pensamentos amorosos entre todos.
70. Por exemplo, quando há fogo numa casa
Para que não passe para a casa vizinha,
Retiramos a palha e coisas inflamáveis
Que causam o fogo de se propagar.
71. Igualmente quando o fogo das expansões de ódio incendeia
Para qualquer apego por que minha mente é prendida,
Eu deveria imediatamente pular fora disto
Com medo de que meu mérito seja incendiado.
72. Se um condenado à morte é libertado depois de ter a mão cortada,
Por que não se considerar afortunado?
Se estou sofrendo a miséria humana,
Mas poupado das agonias do inferno,
Por que não me considerar afortunado?
73. Se eu não posso suportar
Até mesmo os simples sofrimentos presentes,
Então por que não me guardar da raiva que pode ser a causa
Dos suplícios infernais?
74. Para satisfazer meus desejos
Eu fui queimado no inferno muitas vezes,
Sem qualquer propósito para mim ou para os outros.
75. Mas agora como grande tem significado
E este sofrimento nem mesmo é uma fração daquele,
Eu realmente deveria estar alegre
Pois tal sofrimento é um alívio para todos.
76. Se há pessoas que acham felicidade
Em elogiar os outros como pessoas excelentes,
Por que, minha mente, você não os elogia também
E igualmente se faz feliz?
77. Esta felicidade é uma fonte de alegria, algo não proibido,
Um preceito dado pelos Excelentes,
E um supremo (meio) de reunir os outros.
78. Diz-se que os outros ficam felizes sendo elogiados deste modo.
Mas se você não quer experimentar felicidade,
Então deveria deixar de dar esmolas, salários etc
E assim seria afetado adversamente nas vidas futuras.
79. Quando as pessoas descrevem minhas próprias qualidades
Eu quero que outros também fiquem felizes,
Mas quando eles descrevem as boas qualidades dos outros
Então eu não fico contente.
80. Tendo gerado a Mente de Despertar
Por desejar para todos os seres que sejam felizes,
Por que eu me deveria aborrecer
Se eles acham um pouco de felicidade?
81. Se eu desejo que todos os seres sensíveis se tornem
Buddhas, adorados pelos três reinos,
Então por que é que eu me atormento
Quando os vejo recebendo mero respeito mundano?
82. Se um parente por quem eu me preocupo
E a quem tenho que dar muitas coisas
Achar os meios do seu próprio sustento,
Eu não devia ficar contente, em vez de magoado?
83. O que não há de desejar aos seres aquele que deseja para eles que se iluminem?
E como a Mente de Despertar
Poderia se aborrecer de estarem eles recebendo coisas?
84. O que importa se meu inimigo ganha algo ou não?
Se ele obtém algo ou se permanece na casa do benfeitor,
Em qualquer caso eu não adquirirei nada.
85. Assim por que, me zangando, eu destruo meus méritos,
A fé que outros têm em mim e minhas qualidades boas?
Me fale, por que não me zango comigo mesmo
Por não ter as causas [méritos] para o ganho?
86. Não tenho nenhum remorso
Pelos males que você cometeu, ó minha mente,
E ainda desejo competir com os outros
Que cometeram ações meritórias?
87. Se seu inimigo caiu em desgraça
Por que ficar feliz?
Não foi meu desejo quem o destruiu
Mas ele mesmo foi sua própria causa.
88. E até mesmo se ele sofre como você tinha desejado,
O que há nisso para você ficar feliz?
Se você diz, “Agora estou satisfeito”,
Que coisa poderia ser mais miserável do que isso?
89. Este anzol lançado pelas concepções perturbadoras
É insuportavelmente afiado: Tendo sido preso por ele,
É certo que eu serei cozido
Nos caldeirões dos guardiões do inferno.
90. A honra do elogio e fama
Não se transforma em mérito nem em vida;
Não me dará força, nem liberdade da doença,
E não proverá felicidade física.
91. Se eu estivesse atento ao que tem mesmo significado para mim,
Que valor acharia eu nessas coisas?
Se tudo o que eu quiser é um pouco de felicidade mental,
Eu deveria me dedicar a jogar, a beber e a algo assim.
92. Se por causa da fama
Eu dou minha riqueza ou me levo à morte,
O que as meras palavras (da fama) poderão fazer?
Uma vez morto, a quem elas darão prazer?
93. Quando o castelo de areia se desmorona,
As crianças choram em desespero;
Igualmente quando os elogios e minha reputação declinam
Minha mente se torna uma pequena criança.
94. O elogio é apenas um som que dura pouco e é inanimado.
O som não pode pensar intencionalmente em me elogiar.
—Mas como faz (o autor de elogio) feliz,
(Minha) reputação é uma fonte de prazer (para mim)—.
95. Mas se este elogio é dirigido a mim ou a outra pessoa
Como eu serei beneficiado pela alegria dele que faz isto?
Desde que aquela alegria e felicidade é só dele
Eu não obterei nenhuma parte nisto sequer.
96. Mas se eu acho felicidade na felicidade dele
Então seguramente não deveria sentir do mesmo modo para tudo?
E se isto fosse assim, por que é que eu fico tão infeliz com a vitória dos outros,
Quando os outros acham prazer no que lhes traz alegria?
97. Então a felicidade que surge
De pensamento: “eu estou sendo elogiado” é inválida.
É só um comportamento de criança.
98. O elogio e coisas assim sucessivamente me distraem
E também me arruínam com a ilusão (da existência cíclica);
Pois eu começo a invejar os que têm qualidades boas
E tudo o que é bom é destruído.
99. Então, esses que me difamam
E vem destruir meu orgulho
Estão envolvidos em me proteger
De entrar nos reinos infelizes.
100. Eu que estou me esforçando para a liberdade
Não preciso estar ligado a ganho material e louvor.
Assim por que eu deveria estar zangado
Com esses que me livram dessa escravidão?
101. Esses que desejam me causar dano
São como Buddhas, dão ondas de bênçãos.
Eles fecham a porta para que eu não vá para um reino infeliz.
Por que deveria estar zangado com eles?
102. —Mas se alguém me impede de ganhar meus méritos?—
Também com ele é incorreto estar zangado;
Pois não há nenhuma fortaleza semelhante a paciência,
Seguramente eu deveria pôr isto em prática.
103. Se devido à minha própria fraqueza
Eu não sou paciente com este (inimigo),
Então sou eu quem está impedindo
De praticar esta causa de ganhar mérito.
104. Se sem isto nada acontece
E se com isto vem a ser,
Então desde que esse (inimigo) seja a causa da produção da paciência,
Como eu posso dizer que ele me impede daquilo?
105. Um mendigo não é um obstáculo à generosidade
Quando eu lhe estou dando algo,
E eu não posso dizer que os lamas que dão os votos
Sejam obstáculo para a tomada dos votos.
106. Há muitos mendigos realmente neste mundo,
Mas escasso os que infligem dano;
Por isso se eu não prejudicar os outros
Poucos seres me causarão dano.
107. Então, pouco tesouros como esses aparecem em minha casa
Sem qualquer esforço de minha parte para obter isto,
Eu deveria ficar contente de ter um inimigo
Porque ele me ajuda em minha conduta de Despertar.
108. E porque eu sou capaz a praticar (paciência) com ele,
Ele é merecedor de receber
Os muitos frutos de minha paciência,
Que desse modo ele foi a causa.
109. —Mas por que deve meu inimigo ser venerado,
Se ele não tem nenhuma intenção de que eu pratique a paciência?—
Então por que deve o Dharma sagrado ser venerado?
(Se também não tem nenhuma intenção) mas é uma causa de ajuste para a prática.
110. —Mas seguramente meu inimigo não será venerado
Porque pretende me causar dano—
Mas como a paciência pode ser praticada
Se todos se esforçassem sempre em me fazer o bem?
111. Assim desde que a aceitação paciente é produzida
Na dependência da mente muito odiosa [do inimigo],
Esse deve ser merecedor de reverência igual ao Dharma sagrado,
Porque ele é uma causa de paciência.
112. Então o Poderoso disse
Que a terra dos seres sensíveis é semelhante a uma terra de Buddha,
Para muitos que os agradaram
E alcançam a perfeição assim.
113. As qualidades de um Buddha são conseguidas
Pelos seres sensíveis que são como Conquistadores,
Assim por que não os respeito
Da mesma forma como aos Conquistadores?
114. (Claro que) eles não são semelhantes na qualidade das intenções
Mas só nos frutos que produzem;
Assim está neste respeito que têm qualidades excelentes
E é então que se disse ser iguais.
115. Todo mérito vem de venerar a pessoa com mente amorosa
Está devido à eminência de seres sensíveis.
Da mesma maneira o mérito de ter fé em Buddha
É devido à eminência de Buddha.
116. Então deles se diz que são iguais
De sua parte aos Buddhas em qualidades.
Mas nenhum deles é igual em excelência
Aos Buddhas que são oceanos ilimitados de virtudes.
117. Até mesmo se os três reinos fossem oferecidos,
Seriam insuficientes para prestar reverência
Para esses poucos seres em quem aparece uma mera parte das qualidades boas
Da Assembléia Sem Igual em Excelência.
118. Assim desde que os seres sensíveis têm uma parte
Pois dão origem às qualidades supremas de Buddha.
Seguramente está correto os venerar,
Como se fossem semelhantes somente neste respeito?
119. Além disso, qual é o modo de agradecer aos Buddhas
Que concedem o benefício imensurável
E que ajudam o mundo sem pretensão,
Diferente do agrado dos seres sensíveis?
120. Então desde que beneficiar esses seres seja em agradecimento
Àqueles que dão seus corpos e entram no inferno mais profundo por sua causa,
Eu me comportarei impecavelmente em tudo que faço
Até mesmo se os outros me causam muito dano.
121. Quando pela causa dos outros, esses que são meus Deuses,
Não têm nenhuma consideração até mesmo para com seus próprios corpos,
Então por que sou bobo assim cheio de ego-importância?
Por que eu não ajo como um servo deles?
122. Por causa da felicidade dos outros são deleitados os Conquistadores.
Mas se os outros são prejudicados ficam descontentes.
Conseqüentemente os agradando eu deleitarei aos Conquistadores
E prejudicando-os eu ferirei os Conquistadores.
123. Da mesma maneira que os objetos desejáveis não dariam para minha mente nenhum prazer
Se meu corpo estivesse envolvido em fogo,
Igualmente quando criaturas vivas estão em dor
Não há nenhum modo de os Compassivos serem agradados.
124. Então como eu causei dano aos seres vivos,
Hoje eu declaro todos meus atos insalubres abertamente.
Isso trouxe desgosto aos Compassivos.
Por favor sejam pacientes comigo, O Deuses, por este desgosto que causei.
125. De agora em diante para deleitar os Tathagatas
Eu servirei o universo inteiro e definitivamente cessarei de causar dano.
Embora muitos seres possam me espancar e cunhar minha cabeça,
Até mesmo ao risco de morrer que eu deleite os Protetores do Mundo (não retaliando).
126. Não há nenhuma dúvida que os com a natureza de compaixão
Consideram todos estes seres iguais a si próprios.
Além disso, esses que vêem a natureza de Buddha como a natureza dos seres sensíveis
vêem os próprios Buddhas;
Por que não respeitar então aos seres sensíveis?
127. (Agradando aos seres vivos) delicio aos Tathagatas
E perfeitamente realizo meu próprio bom propósito.
Além de dispersar a dor e miséria do universo,
Então eu sempre devo praticar isto.
128. Por exemplo, alguns dos homens do rei
Causam dano a muitas pessoas,
Mas os sensatos não revidam
Até mesmo se fossem capaz
129. Porque o soldado do rei não está sozinho
Mas é apoiado pelo poder do rei.
Igualmente eu não deveria subestimar
Os seres fracos que me causam um pouco de dano;
130. Porque eles são apoiados pelos guardiões do inferno
E por todos Os Compassivos.
Assim (se comportando) como os assuntos daquele rei ígneo
Eu deveria agradar a todos os seres sensíveis.
131. Até mesmo se tal rei fosse me prejudicar,
Não me infligiria a dor do inferno,
Que é o fruto que eu teria de experimentar
Desagradando aos seres sensíveis.
132. E até mesmo se tal um rei fosse amável,
Ele não me poderia conceder a Budeidade,
Que é o fruta que eu obteria
Agradando aos seres sensíveis.
133. Será que não vejo
Que o conseguir o fruto da Budeidade,
Como também a glória, o renome e a felicidade nesta mesma vida
Vêm de agradar aos seres sensíveis?
134. Por causa da paciência em existência cíclicas
Consigo beleza, saúde e renome.
Por causa da paciência eu viverei durante um tempo muito longo
E ganharei o prazer duradouro dos Reis Chakra, reis do Universo.
>>> Capítulo 7 - Entusiasmo <<<
Todas as ações saudáveis.
Como venerar os Buddhas, a generosidade,
O que foi acumulado por mais de mil aeons:
Tudo pode ser destruído por um momento de raiva.
2. Não existe pior mal do que a raiva,
E nenhuma fortaleza como a paciência.
Assim eu deveria me esforçar de vários modos
Em meditar na paciência.
3. Minha mente não estará em paz
Se nutre dolorosos pensamentos de raiva.
Não acharei nenhuma alegria ou felicidade;
Incapaz dormir, me sentirei inseguro.
4. Um mestre que tem ódio
Está em perigo de ser morto.
Até mesmo por aqueles que dependem dele, da bondade dele.
Por quem a riqueza e felicidade
Dependa da bondade dele.
5. Por minha raiva, amigos e parentes ficam deprimidos;
E apesar da minha generosidade não confiarão em mim;
Em resumo: não há ninguém
Que viva feliz com raiva.
6. Dessa forma este inimigo, a raiva,
Cria sofrimentos,
Mas quem diariamente supera isto
Encontra felicidade de agora em diante.
7. Tendo achado seu combustível na infelicidade mental
Por não conseguir aquilo que eu desejo
E por fazer aquilo que não quero,
A raiva aumenta e me destrói.
8. Então eu totalmente deveria erradicar esse combustível inimigo;
Pois este inimigo não tem nenhuma outra função
Que o de me causar dano.
9. Tudo que me acontecer
Não deve perturbar minha alegria mental;
Pois ficando infeliz não realizarei o que desejo
E minhas virtudes diminuirão.
l0. Não adianta ficar infeliz se algo não tem cura.
Não precisa ficar infeliz se algo tem cura.
11. Para mim e meus amigos
Não quero sofrimento nem desrespeito,
Nenhuma palavra severa, nada que seja desagradável;
Mas para meus inimigos é o oposto!
12. As causas da felicidade só às vezes acontecem.
Mas as causas da infelicidade são muito mais numerosas.
Sem sofrimento não há renúncia.
Portanto, minha mente, fique firme.
13. Se alguns ascetas e os habitantes de Karnapa
Infligem-se inutilmente a dor de cortes e queimaduras,
Então pela causa da Liberação
Por que não terei eu nenhuma coragem?
14. Não há nada que não possa ser feito mais facilmente pelo conhecimento.
Assim familiarizando-me com os pequenos danos
Vou aprender a aceitar os maiores danos, pacientemente.
15. Quem não viu isto ser assim com sofrimentos insignificantes
Como as picadas de cobras e insetos,
Sentimentos de fome e sede,
E com tais coisas secundárias como erupções cutâneas?
16. Eu não deveria ficar irritado impaciente
Com calor e frio, vento e chuva,
Doença, escravidão e pancadas;
Porque se sou impaciente o problema aumentará.
17. Alguns quando vêem o próprio sangue
Ficam especialmente valentes e firmes,
Mas outros quando vêem o sangue dos outros
ficam nervosos e desmaiam.
18. Estas reações vem da mente
Forte ou tímida.
Pois eu deveria desconsiderar os danos causados a mim
E não ser afetado pelo sofrimento.
19. Até mesmo quando está sofrendo
A mente do sábio permanece muito lúcida e serena
Já que ele está empreendendo a guerra
Contra as concepções perturbadoras.
E muito sofrimento aparece na hora de batalha.
20. Guerreiros vitoriosos são aqueles
Que, desconsiderando todo o sofrimento,
Derrotam o inimigo da raiva e assim sucessivamente;
(Os guerreiros comuns) matam só corpos do exército.
21. Além disso, o sofrimento tem qualidades boas:
Desanimada pelo sofrimento, é dispersada a arrogância;
A compaixão pelos seres viventes surge;
O mal é evitado; é achada a alegria na virtude.
22. Não fico zangado com a bílis que
Grande fonte de sofrimento sempre é.
Então por que ficar zangado com os seres sencientes
Que também são irritados pelas condições.
23. Embora eles não desejem,
Esta doença surge;
E igualmente embora eles não desejem,
Estas concepções perturbadoras violentamente irrompem.
24. As pessoas não se irritam por que querem,
Pensando: "Devo irritar-me".
Ninguém se aborrece porque quer,
Pensando: "Quero aborrecer-me agora".
Não é assim que nasce o ódio.
25. Os problemas e os enganos das emoções perturbadoras
De várias maneiras aparecem;
Surgem por força das condições
As pessoas a si mesmas não se governam.
26. Essas condições que aparecem
Não têm nenhuma intenção de produzir qualquer coisa,
Nem seu produto
Tem a intenção a ser produzido.
27. Que o que é afirmado ser a Substância Primordial
E o que é imputado como um Ego,
(Como são desprovidos de substância própria) não surgem intencionalmente,
Pensando: "Eu surgirei (para causar dano).”
28. Se algo é insubstancial e desprovido de ego,
Então qualquer desejo que tenha de produzir dano também não existirá.
Pois se este Ego apreendesse seus objetos permanentemente,
Nunca deixaria de fazer assim. [Um fato não tem "culpa" de nos prejudicar].
29. Além disso, se o Ego fosse permanente
Seria claramente destituído de ação, como o espaço.
Então até mesmo se encontrasse outras condições
Como poderia sua imutável (natureza) ser afetada?
30. Para que serve uma ação para o Ego que,
Durante a ação, permanece o mesmo?
Se o relacionamento é o mesmo da ação,
então qual dos dois é a causa do outro?
31. Conseqüentemente tudo é governado
através de outros fatores (os quais em troca)
são governados por (outros),
E desse modo nada governa nada.
Tendo entendido isto,
Eu não deveria aborrecer-me
Com fenômenos que são como aparições.
32. —(Se tudo é irreal como uma aparição) então quem é que pode
Ter isso chamado de raiva?
Ora, seguramente (neste caso) temos de considerar que convencionalmente o que há é
A origem interdependente de fatores em que um está na dependência de desenvolver a raiva E que o fluxo desse sofrimento pode ser cortado.
33. Assim ao ver um inimigo ou até mesmo um amigo
Cometendo uma ação imprópria,
Devo pensar que tais coisas surgem de condições antecedentes e
Permanecer com humor feliz.
34. Se todos os seres pudessem encontrar a realização de seus desejos,
Então não haveria sofrimento, e ninguém que desejasse sofrer.
35. Por falta de cuidado
As pessoas se ferem com espinhos e outras coisas,
E por causa de mulheres e outros cobiças
Os homens se odeiam e até passam fome.
36. E há alguns que se prejudicam
Por suas ações demeritórias:
Se enforcam eles, saltam de precipícios,
Comem veneno e comida insalubre.
37. Se, sob a influência de concepções perturbadoras,
As pessoas destroem até suas preciosas vidas,
Como não esperar que não causem dano
Aos corpos dos outros seres vivos?
38. Até mesmo se eu não posso desenvolver compaixão por tais pessoas
Que pelo nascimento das emoções aflitivas
Tenham a intenção matar-me ou se matarem,
A última coisa que deveria fazer é ter raiva deles.
39. Até mesmo se fosse da natureza das crianças
Causar dano a outros seres,
Ainda assim seria correto ficar zangado com elas?
Seria igual a ter raiva do fogo por ter isto a capacidade de queimar.
40. Se esse defeito é temporário
Se os seres são por natureza bondosos,
Ainda seria incorreto ficar zangado,
Igual a ter raiva do espaço por permitir a fumaça surgir.
41. Se eu me zango com a vara
E não com quem me açoita movido pelo ódio,
Então é melhor odiar o ódio
Porque quem me açoita está dominado pelo ódio.
42. Previamente eu devo ter causado dano semelhante
Para os outros seres sensíveis.
Então está certo que este dano me seja devolvido
Para mim que fui a causa de dano a outros.
43. A arma e o meu corpo
Ambos são causa de meu sofrimento.
Ele obteve a arma; eu o corpo.
Com quem devo me zangar?
44. Cego pelo apego consegui
Este abscesso de sofrimento em forma humana,
Que não pode agüentar nem ser tocado,
Com quem devo me zangar quando ferido?
45. Como uma criança não quero a dor mas desejo
Aquilo que causa a dor.
Quando o sofrimento aparece
Devido ao meu próprio desejo
Por que deveria ter raiva
De outra pessoa?
46. Como os guardiões dos mundos do inferno
E como a floresta de folhas de navalhas-afiadas
Foram produzidos por minhas ações:
Então com quem eu deveria ficar zangado?
47. Tendo sido instigado por minhas próprias ações,
Esses que me causam dano passam a existir.
Se por essas ações eles devem entrar no inferno
Seguramente não sou eu quem os está destruindo?
48. Por causa deles eu purifico muitos males
Aceitando os danos que me causam pacientemente.
Mas por minha causa eles vão mergulhar
Na dor infernal durante um tempo muito longo.
49. Então se que eu estou causando dano a eles
E eles estão me beneficiando,
Por que, mente incontrolável, ficar com raiva
De tal maneira enganada?
50. Se minha mente tem a nobre qualidade (da paciência)
Não irei para inferno,
Se eu me protejo
Que acontecerá com eles?
51. Não obstante, se eu revidar o dano
Ou não os proteger,
Fazendo assim minha conduta se deteriorará
E conseqüentemente esta fortaleza será destruída.
52. Como a mente não é física
Não pode ser prejudicada por ninguém.
Mas por ser apegada ao corpo
É atormentada pelo sofrimento.
53. Mas se a falta de respeito, as agressões verbais,
as críticas injustas,
Não causam dano a meu corpo,
Por que, mente, você fica com tanta raiva?
54. —Porque os outros me repugnarão—
Mas desde que não me devorarão
Nesta ou em outra vida
Por que ficar com tanta raiva?
55. Porque impedirão meu ganho mundano?
De qualquer forma eu os perderei com a morte.
Mas se terei que deixar para trás meus ganhos mundanos
Minhas faltas me acompanharão certamente.
56. Assim é melhor que eu morra hoje
Do que viva uma vida longa porém má;
Mesmo as pessoas que vivem muito tempo
Experimentam o sofrimento da morte.
57. Suponha alguém despertando de um sonho
No qual experimentou cem anos de felicidade,
E suponha outro, despertando de um sonho,
No qual experimentou um pouco um momento de felicidade;
58. Para ambas essas pessoas que acordaram
A felicidade nunca volverá, aquela.
Semelhantemente, se minha vida foi longa ou curta,
Na hora de morte estará terminando assim. .
59. Embora eu possa viver alegremente por muito tempo
E obter muita riqueza material,
Eu estarei de mãos vazias e destituído adiante na morte
Igual a ter sido roubado por um ladrão.
60. —Certamente riquezas materiais me permitirão viver (melhor),
E então eu poderei purificar o mal, e fazer o bem—.
Mas se eu tenho raiva por causa disso
Não será consumido meu mérito e aumentado o mau?
61. E de que uso será esta vida
De um que só comete o mal,
Se por causa do ganho material
Ele degenera os méritos desta vida?
62. —Certamente eu deveria estar zangado com esses
Que dizem coisas desagradáveis a meu respeito o que perturba outros seres.
Mas da mesma maneira por que não fico zangado
Com pessoas que dizem coisas desagradáveis sobre outros?
63. Se posso aceitar esta maledicência, pacientemente,
Porque é relacionado a outra pessoa,
Então por que não tolero paciente as palavras desagradáveis sobre mim,
Desde que são devidas ao nascer de concepções aflitivas?
64. Se outros falam mal ou até mesmo destroem
Imagens santas, relicários e o Dharma sagrado,
É impróprio eu me ressentir com isto,
Porque os Buddhas nunca podem ser prejudicados.
65. Eu deveria evitar a raiva que surge contra esses
Que prejudicam meus mestres espirituais, parentes e amigos.
Ao contrário eu deveria ver, como mostrado antes,
Que aquelas coisas surgem de condições.
66. As pessoas viventes são feridas
Por seres viventes e objetos inanimados,
Por que se irritar somente contra os seres viventes?
Por isso eu deveria aceitar todo o dano pacientemente.
67. Devido à ignorância uns prejudicam os outros,
E os prejudicados, devido à ignorância, têm raiva dos agressores.
Entre eles, quem pode ser chamado de culpado?
E quem, inocente?
68. O que fiz eu previamente
Para que os outros agora me causem dano?
Desde que tudo está relacionado com minhas ações,
Por que eu deveria chamar os agressores de inimigos?
69. Compreendendo isso assim,
Eu deveria me esforçar para o que é meritório
Para que certamente nasça
Mútuos pensamentos amorosos entre todos.
70. Por exemplo, quando há fogo numa casa
Para que não passe para a casa vizinha,
Retiramos a palha e coisas inflamáveis
Que causam o fogo de se propagar.
71. Igualmente quando o fogo das expansões de ódio incendeia
Para qualquer apego por que minha mente é prendida,
Eu deveria imediatamente pular fora disto
Com medo de que meu mérito seja incendiado.
72. Se um condenado à morte é libertado depois de ter a mão cortada,
Por que não se considerar afortunado?
Se estou sofrendo a miséria humana,
Mas poupado das agonias do inferno,
Por que não me considerar afortunado?
73. Se eu não posso suportar
Até mesmo os simples sofrimentos presentes,
Então por que não me guardar da raiva que pode ser a causa
Dos suplícios infernais?
74. Para satisfazer meus desejos
Eu fui queimado no inferno muitas vezes,
Sem qualquer propósito para mim ou para os outros.
75. Mas agora como grande tem significado
E este sofrimento nem mesmo é uma fração daquele,
Eu realmente deveria estar alegre
Pois tal sofrimento é um alívio para todos.
76. Se há pessoas que acham felicidade
Em elogiar os outros como pessoas excelentes,
Por que, minha mente, você não os elogia também
E igualmente se faz feliz?
77. Esta felicidade é uma fonte de alegria, algo não proibido,
Um preceito dado pelos Excelentes,
E um supremo (meio) de reunir os outros.
78. Diz-se que os outros ficam felizes sendo elogiados deste modo.
Mas se você não quer experimentar felicidade,
Então deveria deixar de dar esmolas, salários etc
E assim seria afetado adversamente nas vidas futuras.
79. Quando as pessoas descrevem minhas próprias qualidades
Eu quero que outros também fiquem felizes,
Mas quando eles descrevem as boas qualidades dos outros
Então eu não fico contente.
80. Tendo gerado a Mente de Despertar
Por desejar para todos os seres que sejam felizes,
Por que eu me deveria aborrecer
Se eles acham um pouco de felicidade?
81. Se eu desejo que todos os seres sensíveis se tornem
Buddhas, adorados pelos três reinos,
Então por que é que eu me atormento
Quando os vejo recebendo mero respeito mundano?
82. Se um parente por quem eu me preocupo
E a quem tenho que dar muitas coisas
Achar os meios do seu próprio sustento,
Eu não devia ficar contente, em vez de magoado?
83. O que não há de desejar aos seres aquele que deseja para eles que se iluminem?
E como a Mente de Despertar
Poderia se aborrecer de estarem eles recebendo coisas?
84. O que importa se meu inimigo ganha algo ou não?
Se ele obtém algo ou se permanece na casa do benfeitor,
Em qualquer caso eu não adquirirei nada.
85. Assim por que, me zangando, eu destruo meus méritos,
A fé que outros têm em mim e minhas qualidades boas?
Me fale, por que não me zango comigo mesmo
Por não ter as causas [méritos] para o ganho?
86. Não tenho nenhum remorso
Pelos males que você cometeu, ó minha mente,
E ainda desejo competir com os outros
Que cometeram ações meritórias?
87. Se seu inimigo caiu em desgraça
Por que ficar feliz?
Não foi meu desejo quem o destruiu
Mas ele mesmo foi sua própria causa.
88. E até mesmo se ele sofre como você tinha desejado,
O que há nisso para você ficar feliz?
Se você diz, “Agora estou satisfeito”,
Que coisa poderia ser mais miserável do que isso?
89. Este anzol lançado pelas concepções perturbadoras
É insuportavelmente afiado: Tendo sido preso por ele,
É certo que eu serei cozido
Nos caldeirões dos guardiões do inferno.
90. A honra do elogio e fama
Não se transforma em mérito nem em vida;
Não me dará força, nem liberdade da doença,
E não proverá felicidade física.
91. Se eu estivesse atento ao que tem mesmo significado para mim,
Que valor acharia eu nessas coisas?
Se tudo o que eu quiser é um pouco de felicidade mental,
Eu deveria me dedicar a jogar, a beber e a algo assim.
92. Se por causa da fama
Eu dou minha riqueza ou me levo à morte,
O que as meras palavras (da fama) poderão fazer?
Uma vez morto, a quem elas darão prazer?
93. Quando o castelo de areia se desmorona,
As crianças choram em desespero;
Igualmente quando os elogios e minha reputação declinam
Minha mente se torna uma pequena criança.
94. O elogio é apenas um som que dura pouco e é inanimado.
O som não pode pensar intencionalmente em me elogiar.
—Mas como faz (o autor de elogio) feliz,
(Minha) reputação é uma fonte de prazer (para mim)—.
95. Mas se este elogio é dirigido a mim ou a outra pessoa
Como eu serei beneficiado pela alegria dele que faz isto?
Desde que aquela alegria e felicidade é só dele
Eu não obterei nenhuma parte nisto sequer.
96. Mas se eu acho felicidade na felicidade dele
Então seguramente não deveria sentir do mesmo modo para tudo?
E se isto fosse assim, por que é que eu fico tão infeliz com a vitória dos outros,
Quando os outros acham prazer no que lhes traz alegria?
97. Então a felicidade que surge
De pensamento: “eu estou sendo elogiado” é inválida.
É só um comportamento de criança.
98. O elogio e coisas assim sucessivamente me distraem
E também me arruínam com a ilusão (da existência cíclica);
Pois eu começo a invejar os que têm qualidades boas
E tudo o que é bom é destruído.
99. Então, esses que me difamam
E vem destruir meu orgulho
Estão envolvidos em me proteger
De entrar nos reinos infelizes.
100. Eu que estou me esforçando para a liberdade
Não preciso estar ligado a ganho material e louvor.
Assim por que eu deveria estar zangado
Com esses que me livram dessa escravidão?
101. Esses que desejam me causar dano
São como Buddhas, dão ondas de bênçãos.
Eles fecham a porta para que eu não vá para um reino infeliz.
Por que deveria estar zangado com eles?
102. —Mas se alguém me impede de ganhar meus méritos?—
Também com ele é incorreto estar zangado;
Pois não há nenhuma fortaleza semelhante a paciência,
Seguramente eu deveria pôr isto em prática.
103. Se devido à minha própria fraqueza
Eu não sou paciente com este (inimigo),
Então sou eu quem está impedindo
De praticar esta causa de ganhar mérito.
104. Se sem isto nada acontece
E se com isto vem a ser,
Então desde que esse (inimigo) seja a causa da produção da paciência,
Como eu posso dizer que ele me impede daquilo?
105. Um mendigo não é um obstáculo à generosidade
Quando eu lhe estou dando algo,
E eu não posso dizer que os lamas que dão os votos
Sejam obstáculo para a tomada dos votos.
106. Há muitos mendigos realmente neste mundo,
Mas escasso os que infligem dano;
Por isso se eu não prejudicar os outros
Poucos seres me causarão dano.
107. Então, pouco tesouros como esses aparecem em minha casa
Sem qualquer esforço de minha parte para obter isto,
Eu deveria ficar contente de ter um inimigo
Porque ele me ajuda em minha conduta de Despertar.
108. E porque eu sou capaz a praticar (paciência) com ele,
Ele é merecedor de receber
Os muitos frutos de minha paciência,
Que desse modo ele foi a causa.
109. —Mas por que deve meu inimigo ser venerado,
Se ele não tem nenhuma intenção de que eu pratique a paciência?—
Então por que deve o Dharma sagrado ser venerado?
(Se também não tem nenhuma intenção) mas é uma causa de ajuste para a prática.
110. —Mas seguramente meu inimigo não será venerado
Porque pretende me causar dano—
Mas como a paciência pode ser praticada
Se todos se esforçassem sempre em me fazer o bem?
111. Assim desde que a aceitação paciente é produzida
Na dependência da mente muito odiosa [do inimigo],
Esse deve ser merecedor de reverência igual ao Dharma sagrado,
Porque ele é uma causa de paciência.
112. Então o Poderoso disse
Que a terra dos seres sensíveis é semelhante a uma terra de Buddha,
Para muitos que os agradaram
E alcançam a perfeição assim.
113. As qualidades de um Buddha são conseguidas
Pelos seres sensíveis que são como Conquistadores,
Assim por que não os respeito
Da mesma forma como aos Conquistadores?
114. (Claro que) eles não são semelhantes na qualidade das intenções
Mas só nos frutos que produzem;
Assim está neste respeito que têm qualidades excelentes
E é então que se disse ser iguais.
115. Todo mérito vem de venerar a pessoa com mente amorosa
Está devido à eminência de seres sensíveis.
Da mesma maneira o mérito de ter fé em Buddha
É devido à eminência de Buddha.
116. Então deles se diz que são iguais
De sua parte aos Buddhas em qualidades.
Mas nenhum deles é igual em excelência
Aos Buddhas que são oceanos ilimitados de virtudes.
117. Até mesmo se os três reinos fossem oferecidos,
Seriam insuficientes para prestar reverência
Para esses poucos seres em quem aparece uma mera parte das qualidades boas
Da Assembléia Sem Igual em Excelência.
118. Assim desde que os seres sensíveis têm uma parte
Pois dão origem às qualidades supremas de Buddha.
Seguramente está correto os venerar,
Como se fossem semelhantes somente neste respeito?
119. Além disso, qual é o modo de agradecer aos Buddhas
Que concedem o benefício imensurável
E que ajudam o mundo sem pretensão,
Diferente do agrado dos seres sensíveis?
120. Então desde que beneficiar esses seres seja em agradecimento
Àqueles que dão seus corpos e entram no inferno mais profundo por sua causa,
Eu me comportarei impecavelmente em tudo que faço
Até mesmo se os outros me causam muito dano.
121. Quando pela causa dos outros, esses que são meus Deuses,
Não têm nenhuma consideração até mesmo para com seus próprios corpos,
Então por que sou bobo assim cheio de ego-importância?
Por que eu não ajo como um servo deles?
122. Por causa da felicidade dos outros são deleitados os Conquistadores.
Mas se os outros são prejudicados ficam descontentes.
Conseqüentemente os agradando eu deleitarei aos Conquistadores
E prejudicando-os eu ferirei os Conquistadores.
123. Da mesma maneira que os objetos desejáveis não dariam para minha mente nenhum prazer
Se meu corpo estivesse envolvido em fogo,
Igualmente quando criaturas vivas estão em dor
Não há nenhum modo de os Compassivos serem agradados.
124. Então como eu causei dano aos seres vivos,
Hoje eu declaro todos meus atos insalubres abertamente.
Isso trouxe desgosto aos Compassivos.
Por favor sejam pacientes comigo, O Deuses, por este desgosto que causei.
125. De agora em diante para deleitar os Tathagatas
Eu servirei o universo inteiro e definitivamente cessarei de causar dano.
Embora muitos seres possam me espancar e cunhar minha cabeça,
Até mesmo ao risco de morrer que eu deleite os Protetores do Mundo (não retaliando).
126. Não há nenhuma dúvida que os com a natureza de compaixão
Consideram todos estes seres iguais a si próprios.
Além disso, esses que vêem a natureza de Buddha como a natureza dos seres sensíveis
vêem os próprios Buddhas;
Por que não respeitar então aos seres sensíveis?
127. (Agradando aos seres vivos) delicio aos Tathagatas
E perfeitamente realizo meu próprio bom propósito.
Além de dispersar a dor e miséria do universo,
Então eu sempre devo praticar isto.
128. Por exemplo, alguns dos homens do rei
Causam dano a muitas pessoas,
Mas os sensatos não revidam
Até mesmo se fossem capaz
129. Porque o soldado do rei não está sozinho
Mas é apoiado pelo poder do rei.
Igualmente eu não deveria subestimar
Os seres fracos que me causam um pouco de dano;
130. Porque eles são apoiados pelos guardiões do inferno
E por todos Os Compassivos.
Assim (se comportando) como os assuntos daquele rei ígneo
Eu deveria agradar a todos os seres sensíveis.
131. Até mesmo se tal rei fosse me prejudicar,
Não me infligiria a dor do inferno,
Que é o fruto que eu teria de experimentar
Desagradando aos seres sensíveis.
132. E até mesmo se tal um rei fosse amável,
Ele não me poderia conceder a Budeidade,
Que é o fruta que eu obteria
Agradando aos seres sensíveis.
133. Será que não vejo
Que o conseguir o fruto da Budeidade,
Como também a glória, o renome e a felicidade nesta mesma vida
Vêm de agradar aos seres sensíveis?
134. Por causa da paciência em existência cíclicas
Consigo beleza, saúde e renome.
Por causa da paciência eu viverei durante um tempo muito longo
E ganharei o prazer duradouro dos Reis Chakra, reis do Universo.
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